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domingo, 22 de maio de 2011

Edge vira central de entretenimento ambulante


Tão raro por aqui, o Edge nos deixou esquecer sobre como e quando chegou. Foi em 2008, trazido do Canadá, com status de carro mais caro, equipado e potente da Ford no mercado nacional. Mas a imponência, o visual marcante e a lista de equipamentos até então não onipresente nos concorrentes não fizeram dele um sucesso de vendas: foram 75 unidades em 2008 (foi apenas um mês cheio de vendas, vamos dar um desconto), 1.201 em 2009 e 920 no ano passado. O problema? Certamente o salgado preço de R$ 149.000, que chegava a R$ 158.500 com o teto solar panorâmico.


A providencial mudança foi apresentada no Salão do Automóvel, em outubro, e logo surtiu efeito: dos 920 emplacamentos de 2010, 310 foram registrados em dezembro, quando ele de fato colocou os pneus nas concessionárias. O preço reduzido, que vai de R$ 122.100 (SEL), passa por R$ 133.910 (Limited) e chega a R$ 142.610 (Limited com teto panorâmico), foi um dos grandes responsáveis pelo bom número de 571 vendas até aqui. Mas não o único.


Hi-Tech

Depois de um contato-relâmpago com o Audi e-tron, há quase um ano, dissemos que o protótipo da marca alemã nos apresentava o futuro. O mesmo faz o Edge, mas por outras razões. Exceto pela tosca peça que trava e destrava as portas, o interior do crossover arrasa – painel e console central, em especial.

Levamos um susto quando ligamos o carro e o painel, de LCD, acende cheio de cores e funções. Imediatamente vem à mente a imagem do manual do proprietário (tão grande quanto os três volumes da trilogia Senhor do Anéis) e o arrependimento de termos ignorado sua existência. Mas, embora estudar o manual seja recomendável, controlar tudo aquilo, por meio de teclas no volante, é fácil e intuitivo. As definições do carro, de telefonia, entretenimento e até mesmo climatização são divididas por cores e sub-itens. Basta movimentar as teclas, escolher o que se procura e confirmar.

O discreto conta-giros pode ser substituído por informações de consumo (que apresenta o histórico dos últimos 5, 10 ou 30 minutos), configurações do carro e até mesmo funcionamento da tração integral, onde a força pode estar concentrada mais no eixo traseiro ou dividida igualitariamente.

A variedade de configurações e opções, típica de um smartphone, acaba divertindo também o passageiro ao lado, já que quase tudo também pode ser operado pela tela central sensível ao toque (que aliás poderia ser mais sensível). E se as luzes-ambiente pareciam cafonas quando surgiram no Fusion, agora elas têm nossa simpatia. Só deve ser difícil domar o ímpeto da criançada, que certamente vai querer experimentar as sete opções de cinco em cinco minutos.

Ponto cego e mudo

Uma das comodidades do Edge é o sistema que detecta pontos-cegos. Uma luz adverte o motorista no canto do retrovisor externo sobre a existência de alguém ao seu lado, em condições que o sistema entende não serem perceptíveis ao condutor. Eficiente e discreto, sem apitos sonoros – que seriam altamente irritantes durante um trajeto no trânsito caóticos de qualquer centro urbano.

Essa praticidade se repete em outros momentos. Na hora de estacionar, além dos sensores, há a câmera que visualiza onde o motorista deve colocar o carro – no começo as manobras são feitas com certa insegurança, mas depois viramos dependentes do recurso. As portas são abertas assim que chegamos perto do carro (desde que portando a chave, obviamente), ou pelas teclas acima da maçaneta. Fechar a tampa do porta-malas não requer mais esforço, pois basta apertar um botão para que ela abra ou feche. E os bancos traseiros destravam também por botões, enquanto o do passageiro da frente é dobrável. Útil para carregar um móvel pequeno para a casa de campo ou os equipamentos de algum esporte radical.

Silêncio e sons

Além do acabamento caprichado, o ambiente interno é beneficiado pelo incorrigível isolamento acústico. A 180 km/h (numa pista, é bom avisar), o único barulho que escutamos é o dos batimentos cardíacos...Exageros à parte, baixíssimos ruídos externos invadem a cabine, e do cofre do motor vem apenas um suave som de quem está trabalhando com calma.

O silêncio só é violentamente interrompido quando os ocupantes querem: com 12 alto-falantes, o sistema da Sony dispensa qualquer upgrade, mesmo se o dono for daqueles que tiram o carro da concessionária e seguem direto para alguma “Sei lá o que Sound” da vida.

Sem cor

A profusão de gadgets, as cores-ambiente, o conforto e silêncio a bordo e o espaço generoso desviam a atenção do motorista para longe do único ponto onde o Edge não brilha: a dirigibilidade. O motor 3.5 litros V6, de 289 cv e 34,3 kgfm e a transmissão automática de seis velocidades são bons. O problema é ter de puxar 2.075 kg. Pesado, o Edge transmite seu esforço em se movimentar para o motorista. Retomadas, acelerações e estabilidade são elogiáveis, mas seu comportamento geral é um tanto burocrático. Talvez uma direção com assistência elétrica instigasse mais o condutor, mas este é um equipamento curiosamente deixado de lado no grandalhão.

Para piorar, as trocas manuais foram inacreditavelmente transferidas para botões na própria alavanca. O argumento do conforto não convence, já que na posição M a alavanca está muito para trás, deixando o braço do motorista em situação desconfortável. Praticidade? Menos ainda, porque você não encontra os botões logo de primeira, ao contrário da alavanca em si (ou as borboletas atrás do volante), que estão sempre à mão. Torça para a desnecessária invenção, já presente no Fusion e no Chevrolet Captiva, não virar tendência. Seria um dos grandes crimes contra o prazer de dirigir.
Fonte: iGCarros

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